Escrevo;
Pra afastar o que me corroe...
Pra me levar da realidade,
dando – me o compasso da fantasia.
Quero elevar a minha alma,
girar em torno da curvatura
da redoma similar...
E depois voltar.
Escrevo;
Pra lembrar e poder chorar
toda essa angustia.
Essa face sedenta,
que grita no vago estreito do vale.
Precisa sentir, depois tocar;
amar , decepcionar-se e depois morrer.
Só o que restou foi saudades,
um sentimento vazio e confuso,
de quando eu vivia.
Porque devemos nos arrepender dos nossos atos?
Ou da ausência deles ?
Quero o mundo que é tão belo
nos meus desejos...
E não poderia...
Então escrevo,
Pra viajar pra tão longe e tão perto,
quanto minha mente cansada possa ir.
Escrevo;
E estas palavras me privam do sono.
Escrevo;
E este mal talvez nunca acabe.
Renato Gonçalves
Extraído do blog 'Últimos Versos Humanus - Um Diário Psicodélico de Conversas Produtivas' - http://ultimosversoshumanus.zip.net -