sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

ANTONIO CARLOS CIPRIANO

A VARANDA


Sento-me à varanda
a contemplar a calma tarde
num raiar luzindo do sol
indo deitar ao crepúsculo...
Sinto em mim o nostálgico momento 
e o meu peito arde
quando se aproxima a vindoura hora
do fenômeno augusto
 Lentamente deita-se o sol
por detrás da montanha
Um  rubro vermelho toma conta do céu agora
Arde mais o peito e o momento emociona
ao ver que vagarosamente 
a montanha o sol devora .
Então é devorado o último raio
e as aves se recolhem

Em um só momento calam-se, 
parecendo sofrer um profundo desmaio
 Não mais cantam nem gorgeiam 
nem se ouve um só lamento 
Foi-se o dia, surgiu a noite 
Tudo é treva agora...

Antonio Carlos Cipriano 
( do Informativo Letra Viva, do Grupo Literário Letra Viva )

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

VAGALUME



(ao som do blues)

Todo dia,
antes do pôr do sol
ele pega sua lanterna
e vai pro centro da cidade

Todo dia,
antes do pôr do sol
ele pega sua lanterna
e encontra uma velha amiga mariposa
se debatendo
nos néons coloridos da cidade...


Wanderley B. Carvalho
( do livro "Antologia  Letra Viva Sou Voz" , Guarulhos )



quarta-feira, 30 de outubro de 2019

AS NOSSAS PEQUENAS LOUCURAS

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Hoje é dia de reviver os fatos marcantes .
Remexer o baú e tirar velhas fantasias. Sapatos brilhantes e gravatas borboletas.Dançar a valsa e......Outra vez me surpreendo sonhando....
Os meus cabelos.  Esse neve de portos que pousou sobre eles me fascina.
 Fico emocionado. Feliz por acreditar que vivi.
Sou restos de uma era em que as pessoas se confraternizavam
com um simples olhar. Se amavam através de gestos.
As nossas pequenas loucuras são agora flores murchas.
É isso mesmo. Rosas que desfolharam, mas que ainda estão no vaso da sala. É verdade.Como o sol de verão que nos corroe o espírito.
Queima a pele e sua o corpo.
Como a tempestade que deixa no ar um cheiro de terra.
Folhas caídas e um aperto na garganta....

Walter Marcondes Alvarenga,
( trechos de  "As Nossas Loucuras".)
Caderno Literatura do jornal Folha Metropolitana , de Guarulhos



Walther Alvarenga é jornalista formado pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero – Fundação Cásper Líbero - , em São Paulo, tendo ocupado o cargo de Editor de Variedades da Rede Metropolitana de Jornais – “Folha Metropolitana” – quando lançou o Caderno de Televisão “Folha TV”; tendo sido colunista do jornal “Metro News”, que circula nas principais estações do Metro de São Paulo, com cerca de 1 milhão de exemplares distribuídos gratuitamente semanalmente. 

Trabalhou como free lancer na Revista Contigo, a convite do então diretor de redação, Walcyr Carrasco, hoje novelista da Rede Globo. Atualmente é repórter do Jornal “Nossa Gente”, o principal veículo de comunicação da Comunidade Brasileira, que circula no Estado da Flórida, nos EUA

sábado, 28 de setembro de 2019

PEDRO DIAS GONÇALVES

A MINHA RUA 




A minha rua é tão triste
quando a noite chega !
Todos se recolhem com os seus problemas,
com o seu silêncio,
e ninguém se lembra de respirá-la.

A minha rua é tão triste
quando a noite chega !
não tem crianças brincando de roda,
não tem namorados no portão,
não tem velhinhos conversando na calçada,
não tem alegria, não tem nada !

a minha rua é tão triste
quando a noite chega !
não se ouve um soluço de violão
não se ouve uma voz cantando essa canção
não tem serenatas e nem perfume de rosas.
Só muros de concreto coroados de cacos de vidro,
grades de ferro nas janelas,
iluminação a mercúrio e novelas de televisão.

A minha rua é tão triste
quando a noite chega !
Eu sinto uma saudade de outros tempos,
outros lugares, onde a noite era uma poesia
inteira e nua.
Todos queriam senti-la,
Mas hoje aqui neste lugar tão frio,
a minha rua é triste quando a noite chega,
pois eu fico sozinho esperando a lua !

Pedro Dias Gonçalves.
( do livro Momentos )

Pedro Dias Gonçalves pertenceu ao Grupo Literário Letra Viva , de Guarulhos ,
e foi funcionário público municipal.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

MEDITAÇÃO


Se nos for oferecida
por uma noite, a melodia,
ouçamo-la em silêncio.

Se nos for permitida,
por um momento, a palavra,
sussuremo-la bem suave.

Se nos for concedida 
por um instante, a graça,
manifestemo-la com amor.

Se nos for possível, ainda,
por um dia apenas, a humildade,
ser - nos - á desvelado,
por todo o sempre,
quão simples e maravilhoso
é o nosso misterioso interior

José Maurício Vieira

( do livro Academia Guarulhense de Letras - Amostragem Literária - Centenário da Emancipação Política de Guarulhos )

José Maurício Vieira é escritor e músico, membro da Academia Guarulhense de Letras.

terça-feira, 23 de julho de 2019

ADOLFO DE VASCONCELOS NORONHA



Creio no amor eterno, imorredouro,
e a persegui-lo vivo, na constante
angústia desta espera atribulante,
da fortuna mais rica do que o ouro.

Acontece que a vida é sorvedouro
das ilusões, num mundo cambiante
que, ao desenhar do afeto de um amante,
só pode renascer no amor vindouro.

Se crês no amor efêmero, somente,
guardas um coração tão indigente
quanto infeliz o espírito enfadonho...

A ventura maior fica comigo,
pois, apesar de tudo, inda persigo
aquele velho e sempre o mesmo sonho !

 Adolfo de Vasconcelos Noronha

( do livro Academia Guarulhense de Letras - Amostragem Literária - Centenário da Emancipação Política de Guarulhos )

sábado, 20 de abril de 2019

CASTELO HANNSEN



Agora eu sei
que cada alvorada traz um novo sol
E cada sol é um dia
E que na sucessão das madrugadas
está chegando o tempo de mãos dadas
está chegando o tempo da poesia

Agora eu sei
que a dignidade humana, a verdade
a ternura, o amor, a liberdade,
cuja morte eu cansei de lamentar,
não morreram estavam hibernando,
mas que esse longo inverno está findando e está chegando 
o tempo de acordar

Sete anos, mais sete, se passaram
E talvez outros sete passarão.
Mas eu posso esperar, me preparando
pois o cheiro do povo está mostrando
que é tempo agora de dizer um não

Agora eu sei
Que nossos mortos foram sepultados
Que nossos prantos foram enterrados
E a terra os devolve, satisfeita..
Nossa dor, nosso suor e luto
Foram semente boa, deram fruto
E está chegando o tempo da colheita..

 CASTELO HANSEN
-Guarulhos-SP)

( do livro Academia Guarulhense de Letras -
Amostragem Literária - Centenário da Emancipação
Política de Guarulhos )

Aristides Castelo Hansen é escritor e jornalista, fundador do Grupo Literário Letra Viva e membro da Academia Guarulhense de Letras.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Em Guarulhos, Dona Maria reúne poesias e publica primeiro livro aos 72 anos

Em Guarulhos, Dona Maria reúne poesias e publica primeiro livro aos 72 anos

Agência Mural
A facilidade de transformar tudo o que sente e observa em poesia acompanha Maria Barros de Jesus, 74, desde que ela era uma menina no sertão de Pernambuco. Mas foi só depois de completar 72 anos, na cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, que Dona Maria, como é conhecida, conseguiu publicar o seu primeiro livro.
A obra Minhas Composições traz 34 poemas que tratam de situações pessoais – em sua maioria, os dias tristes que passou em seu casamento. No entanto, reúne também textos sobre pequenos detalhes cotidianos, que são motivos de alegria para ela, como as abelhas que visitam suas flores no quintal no bairro de Bonsucesso, onde vive, na periferia do município.
Seus textos estavam em um caderninho cheio de rabiscos antes de serem publicados. Poemas sobre o seu primeiro ano de casada e até versos mais recentes, como um que homenageia um violeiro falecido há pouco tempo, foram descobertos pela sua neta de consideração, Aline, que a incentivou a transformá-los em livro.
“Muitas vezes, de noite eu perdia o sono e ficava sentada no sofá assistindo televisão e escrevendo. Era assim que acontecia”, conta.
Um de seus poemas preferidos fala sobre um dos aniversários da cidade de São Paulo (Foto: Thalita Monte Santo)
Segundo a autora, sua poesia sempre surgiu de forma natural e transita pelo estilo do cordel. Qualquer situação sempre foi motivo de inspiração, até mesmo a rotina.
A pernambucana natural da Vila de Umãs, na cidade de Salgueiro, afirma que aprendeu a escrever por conta da sua curiosidade. “Eu consegui aprender a escrever, graças a Deus, porque eu fazia cópia de tudo que eu via no livro. Era vírgula, era pontuação, era interrogação”, relembra.
Nascida em 1943, ela deixou a cidade jovem acompanhada pelos pais e foi morar em Minas Gerais, onde, apesar das adversidades, se formou no magistério e trabalhou como professora. Mas só em 1973 mudou-se para Guarulhos.
Por conta da escrita, um dos seus sonhos de criança sempre foi ser professora, e antes de se preparar para isso já ensinava os irmãos e os primos na roça. Durante algum tempo, trabalhou em uma biblioteca escolar e aproveitava para ler Machado de Assis. “Era o meu preferido”, diz.
Reunindo os poemas de uma vida inteira, a escritora, animada com a ideia de concretizar o livro, teve a ajuda do selo Dialética, uma editora independente da cidade de Guarulhos. Em abril de 2015, a aposentada lançou o livro na Casa das Rosas, na Avenida Paulista e, no mesmo dia, vendeu todos os exemplares que havia levado ao evento.
No mesmo ano da publicação, a Companhia Bueiro Aberto, coletivo de cinema da cidade de Guarulhos, produziu um mini-documentáriosobre a vida e trajetória da escritora.
Com carinho, ela se recorda que ao pegar os livros impressos pela primeira vez sentiu uma emoção muito forte. “Eu abracei e disse: meus filhos”. Hoje ela ainda não sabe se publicará outra obra, mas garante que não deixou de rascunhar seus pensamentos.
Thalita Monte Santo é correspondente de Guarulhos

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

PEDRO DIAS GONÇALVES




Menino que corre, que salta, que chora
e usa calças curtas de suspensórios.
Carrega o estilingue no bolso rasgado
Levanta cedinho, como os raios do sol.

Menino do campo, livre como um pássaro,
que nada em cachoeiras e come araçás.
engraxa sapatos para comprar livros
e vai à escola aprender o bê-a-bá.

Menino traquinas que joga pedradas.
que solta papagaio, que roda o pião,
vende legumes na cidade pequena,
gosta de missas, de festas enfim.

Eu fui menino um dia, mudei-me prá longe
sepultei os meus sonhos, fiquei grande e morri.

Deixei o menino sorrindo na janela,
fazendo bolinhas de espuma de sabão,
Deixei o coreto e a bandinha tocando,
deixei marcas da infância no meu coração.

Deixei os meus livros, mistério profundo
da sabedoria dos mestres da história.
Deixei as minhas vontades para ser adulto,
deixei as janelas abertas no tempo,
as ruas ensolaradas, o grupo escolar,

Deixei meus irmãos e os velhinhos chorando,
perdi-me na estrada e não pude voltar !

Pedro Dias Gonçalves
- do livro " Momentos " -

Pedro Dias Gonçalves participou do Grupo Literário guarulhense Letra Viva .