quinta-feira, 23 de abril de 2020

J.J. MACEDO



Rio,
mas o meu riso é um rio 
que não corre mais
 
Rio,
meu riso estio
de margens áridas
e paisagens pálidas
 
Rio,
meu riso extinto,
seco : sertão.
 
J.J. Macedo
(do concurso municipal de poesia da Prefeitura de Guarulhos)
 
ilustração: Maquiagem de Palhaço por John Sloan (1909)  

quarta-feira, 8 de abril de 2020

VALDELI VILA NOVA


São muitos 
os estômagos - ocos
que roncam
Sinfonia inacabada
macabra desassistida
Tu, minha barriga
inimiga
de tantos sonhos
saqueada consumida
desnutrida vida
Diante de ti 
lavo minhas mãos
com o suor oprimido
e derramo minha poesia
sobre projetos e discussões
Olho outros homens mosqueados
que carregam cruzes e lâminas
pelas ruas das fábricas sem vagas
Juntai o resto dos homens
meus irmãos 
e morramos
morramos todos
é para que nunca
tenhamos que repetir coisas
e mastigar cacos
e derramar gargantas
e ferver papéis
e blasfemar
nunca mais
 
do livro " Licença Para a Vida "